quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Querida, mudei a roda

Sou um homem. Daqueles capazes de mudar a roda do carro e tudo (este «tudo» inclui descobrir o sítio exacto da roda suplente, do macaco, da chave especial para desapertar a porca de segurança presa à jante e de um outro acessório que serve para desenroscar as tampas das restantes porcas). A grandeza do feito ganha outra dimensão se pensarmos que o processo (em estreia absoluta) demorou apenas 45 minutos. E que foi testemunhado por 4 ou 5 mecânicos que, na altura, estavam a arrumar calmamente a oficina, que estava "quase" a fechar...

O facto de estar acompanhado pela sujeita ajudou. «Então, está a correr bem?»; «queres que telefone ao meu pai para saber como se tira isso?» (ela saberia que «aquilo» era uma roda?). As perguntas, entoadas enquanto a dita cuja vislumbrava o pôr-do-sol e aquecia os costados, apoiados na porta lateral desde o início até ao final da mudança da roda, deram-me ainda mais ânimo e força. Apoderou-se de mim uma fúria tal que não houve qualquer porca que não tivesse saído logo à primeira tentativa. Hoje, o meu destino é ir buscar a roda devidamente reparada e substituí-la. Questão fulcral: como (e onde) encaixar a roda suplente?

«Queres que telefone ao meu pai para saber onde se mete a roda suplente?»... Não quero que a minha destreza seja novamente posta em causa por mensagens de "incentivo" desta natureza. Várias possibilidades em aberto: deixar a sujeita em casa a fazer o jantar; soltá-la num centro comercial (sem levar o meu cartão multibanco); convencê-la a fazer uma peregrinação desde Sete Rios até à Amadora, em honra de Nossa Senhora dos Pés Descalços; empacotá-la numa embalagem em cartão dos CTT e enviá-la, com carácter urgente, para a Zâmbia. Que fique bem claro que não tenho nada - mas mesmo nada - contra os cidadãos que vivem na Zâmbia.

Depois disto, sinto que (já) mereço o céu.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Cumplicidades na areia

Entre decisões difíceis como virar de barriga ou de costas para o sol na toalha estendida na areia e mais próxima ou afastada do mar, surgem as inevitáveis cumplicidades na areia.
É um soninho que se faz logo pela manhã, umas gargalhadas pelo vislumbre de algo captado a quatro olhos e os arrepios que se sentem quando de forma heróica se entra num mar gelado.
Pouco se fala das vidas até porque o objectivo da missão é relaxar o mais possível e o que há de comum entre as vidas não é todo assunto que nos queiramos lembrar quando queremos relaxar. Mas curiosamente é esse comum que nos revela outras cumplicidades, como a contagem decrescente ou as prendas de partida para nos lembrarmos que existem. E também o à vontade com que se está, ainda que a música que toca no rádio nem sempre é favorável a um dos elementos... aprende-se a conhecer os gostos e aprende-se até a deprimir e a stressar por assistirmos à vida amorosa de dois bonecos da Walt Disney.
Sabe bem quando tudo é simples, espontâneo e muito divertido! Sabe bem quando as cumplicidades acontecem e não são forçadas!!

PS - Há histórias que ficam para uma outra altura... ter segredos é importante e o telefonema do "beijo" é exemplo!