Psicoce parece ser a palavra-chave que resolve todo (ou quase todo) o mistério. Atente-se ao conteúdo dos últimos telefonemas de Renato Seabra, dirigidos à mãe e à irmã: «a comida está com sabor estranho»; «durmo mal»; «sinto-me numa prisão, estou farto».
Aos 20 anos, há quem julgue ter estofo e arrojo psicólogico para levar por diante uma vida fingida, a troco de presentes, mordomias e luxo. E, aos 65 anos, há ainda quem acredite num amor arrebatador e correspondido (não que ele não possa realmente existir, mas apenas porque, no caso em questão, o interesse puro e simples confrontava-se com o amor cego e desmedido).
A corda acabou por quebrar nos dois lados. Enquanto um continuava "à procura do sonho", o outro aguardava juras de amor. Desejos por concretizar e promessas não cumpridas. O fim de um contrato, onde as duas partes ficaram a perder.
Tenha ou não havido provocação, o que pode justificar um acto tão bárbaro e cruel? Para Renato, tirar a vida saberia a pouco. Havia que «livrá-lo dos demónios sexuais». Espancamento, tortura e morte. O criminoso assumiu (ninguém confessa por confessar), tem traços demarcados de insanidade (além da natureza do crime, é impressionante a maneira como, após a morte e já no átrio do hotel, diz à amiga de CC que «ele já nunca mais vai sair deste hotel», sai porta fora e vagueia pela ruas de Nova Iorque) e deu o maior desgosto que alguma vez poderia ter dado a uma mãe.
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NOTA: reitero a incógnita que paira no final do post anterior (ver abaixo)... Esta história tem mesmo qualquer coisa que não bate certo. Talvez seja o facto de não termos a verdadeira consciência no quão inconsciente o ser humano se pode tornar.
4 comentários:
estás um bom Moita Flores.
Tão intrigado quanto tu. Apenas isso.
Sou apologista, ou pelo menos, encaixa melhor no meu consciente, a tese de que se subtemeu a uma natureza sexual que não seria a sua (por vontade própria, atenção!). julgo que acharia ser capaz de ter relações homossexuais para alcançar o seu fim.
o que se esqueceu é que, de ordem psicológica, essa "inversão" da sua natureza sexual (porque pelos vistos sempre "foi" hetero até ao encontro com o CC) queimaria, de facto, fusíveis no brain ao ponto de alcançar estados totalmente perturbados e sem racional ou controlo à mistura. no meu ver, aquela submissão/resistência interior deu origem a uma explosão do género big bang naquela cabecita que o levou à acção que sabemos...
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