O facto de estar acompanhado pela sujeita ajudou. «Então, está a correr bem?»; «queres que telefone ao meu pai para saber como se tira isso?» (ela saberia que «aquilo» era uma roda?). As perguntas, entoadas enquanto a dita cuja vislumbrava o pôr-do-sol e aquecia os costados, apoiados na porta lateral desde o início até ao final da mudança da roda, deram-me ainda mais ânimo e força. Apoderou-se de mim uma fúria tal que não houve qualquer porca que não tivesse saído logo à primeira tentativa. Hoje, o meu destino é ir buscar a roda devidamente reparada e substituí-la. Questão fulcral: como (e onde) encaixar a roda suplente?
«Queres que telefone ao meu pai para saber onde se mete a roda suplente?»... Não quero que a minha destreza seja novamente posta em causa por mensagens de "incentivo" desta natureza. Várias possibilidades em aberto: deixar a sujeita em casa a fazer o jantar; soltá-la num centro comercial (sem levar o meu cartão multibanco); convencê-la a fazer uma peregrinação desde Sete Rios até à Amadora, em honra de Nossa Senhora dos Pés Descalços; empacotá-la numa embalagem em cartão dos CTT e enviá-la, com carácter urgente, para a Zâmbia. Que fique bem claro que não tenho nada - mas mesmo nada - contra os cidadãos que vivem na Zâmbia.
Depois disto, sinto que (já) mereço o céu.