Makira, a vida é o que é e vale aquilo que vale. Se é muito ou pouco, só depende (em parte) de cada um de nós. Mesmo que, por vezes, possa parecer que estamos a atravessar o cabo das tormentas, não merece a pena hastear a bandeira branca e desistir a meio da travessia. Sei do que falo porque sou exímio em caminhadas difíceis. Tenho o dom de me calharem em sorte (não é escolha; simplesmente acontece e, contra isso, nada há a fazer; e contrariar a alma é como pôr uma venda nos olhos) percursos sinuosos. Mas sei que alguns desses atalhos me levam a caminhos muito felizes.
As circunstâncias fazem parte da vida. Umas mais dolorosas do que outras, mas acredito que nada é fruto do acaso. Passei a dar mais importância ao momento presente. Porque há segundos ou minutos que, no fim de contas, valem toda uma vida. Passei a escutar mais a voz do coração e a silenciar a da razão. E, assim como assim, a razão não explica tudo (nem consegue, sequer, ter a capacidade de nos fazer acelerar o batimento cardíaco, por exemplo).
Também não sei lidar com as saudades. Também fico de mau humor. Ou (contrasenso, eu sei), com um aparente bom humor (mas que não passa disso mesmo: uma aparência que serve apenas para camuflar uma espécie de formigueiro interior; um vazio interior; de que algo fica). É nas alturas em que a distância me separa dos que mais gosto que emerge, ainda mais, este saudosismo. Vejo toda a vida passar-me à frente, em frames sequenciadas, e apodera-se de mim uma vontade inolvidável de voltar aos momentos em que já fui muito feliz. E não há dinheiro que pague a felicidade - mesmo que passageira e marcada no tempo.
Não sei como será o dia de amanhã. É essa incerteza que justifica ainda mais a outra certeza; a da necessidade de saborear o presente (ou, por outras palavras, de fazer com que este tempo presente seja memorável no futuro). As más recordações também existem e fazem parte da vida. Mas é por isso que lhe chamamos passado. O agora é tudo.
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