Muito sumariamente, é isto: os psicanalistas convivem muito mal com a realidade. Deviam sair mais vezes de casa. São desfragmentados ao nível da insanidade. Deviam fazer uma ou outra loucura para perceberem a essência da vida. São demasiado perfeitos. Se fossem suficientemente alienados (ou doidos, recorrendo à gíria) talvez percebessem que nem sempre a vontade expressa é cumprida - por muita persistência que possa haver, por intermédio da fixação.
Falando pouco ou nada metaforicamente, também é isto: a vida vale muito pela dimensão que atribuímos às «coisas». No meu caso particular (e não sou suspeito para falar, porque conheço-me há muito tempo para saber que a minha loucura tem uma certa sanidade e bom senso q.b.), dou muito valor a tudo aquilo que acho que mereça ter valor. Mas isso sou eu, que - apesar de uma certa sanidade e bom senso - não deixo de ter, afinal, uma capa que esconde uma dose de loucura (polvilhada com uma pitada de parvoíce que, por vezes, me leva a ser injusto para com as pessoas que gosto).
Não sei para onde caminho (mas sei que rumo desejaria tomar). As mudanças, mesmo que aparentemente bruscas, não me assustam. O que é certo é que me sinto sozinho numa peregrinação a destino incerto. Tornei-me crente mesmo sem o pretender. Não estava nos planos, sequer. Simplesmente aconteceu. Mesmo sabendo no que acredito e no que sinto, tenho de reflectir sobre a posssibilidade de me tornar, tão depressa quanto possível, num psicanalista...
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