quarta-feira, 11 de maio de 2011

A puta da ironia

Todos os dias ele perde um bocadinho mais de si.
Todos os dias eu ganho um bocadinho mais com ele.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Sempre na 'linha'

No Perú, há droga da boa. Alan García, o Presidente do país, é um consumidor habitual - como, aliás, se comprova aqui.

Engana-me que eu gosto

Poucas horas depois do anúncio da morte de Bin Laden, o rosto ensaguentado do homem mais procurado do mundo estava exposto nas cadeias de televisão, jornais e sites. Sabe-se, agora, que a imagem terá sido forjada (aliás, muito mal forjada, segundo os editores de fotografia das agências internacionais, que se fartaram de apontar defeitos na fotomontagem).
Acontece, porém, que não houve praticamente um único órgão de informação, à escala global, que não tenha difundido a imagem - mesmo sem ter verificado previamente a proveniência da «foto». Desconhece-se quem a fez; mas o autor da façanha pode orgulhar-se de ter enganado o mundo inteiro. Sobretudo se tivermos em conta que, como se viu (e ouviu), as suas noções de Photoshop são demasiado básicas...

domingo, 1 de maio de 2011

Mau demais para ser verdade

O hino oficial do PSD é mais uma pérola a juntar a tantas outras - como o convite a Fernando Nobre, a mensagem pascal da família Passos Coelho, as entrevistas às revistas (todas da Cofina...). É ver isto e confirmar a desgraça total: edição demasiado amadora, música minimalista e uma letra que já lançou a polémica (em vez de «Está na hora de mudar / com Passos Coelho», ouve-se, na versão original, «Está na hora de mudar / o Passos Coelho»). Entretanto, o 'jornal de referência' garante, basicamente, que todos sofremos de problemas auditivos - e deu-se mesmo ao trabalho de consultar uma 'fonte' do partido. Um grande serviço ao leitor que é complementado com a transcrição, na íntegra, da letra oficial do hino. Mas do PÚBLICO já tudo se espera. Sobretudo depois desta bacorada memorável.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Montes de felicidade

O nível de idiotice é absurdo. Chega a dar vómitos. É ligar o televisor e ver os repórteres portugueses tão ou mais eufóricos do que os próprios noivos. Os enviados especiais (que designação tão pomposa) atropelam-se em palavras - e que, todas juntas, nada dizem. No meio desta verborreia, ouvimos os pivots a descreverem aquilo que vemos, sem acrescentarem nada de novo. E depois as reportagens: «viveram felizes para sempre»; «chapéus há muitos»; «o aguardado beijo real»; «toda a gente irradia felicidade». O João Adelino Faria, então, parece ter ingerido smarties em combinação com LSD. «Mas que momento bonito! Aquilo que o povo tanto esperava!! O beijo de Kate e William vem aí!!! Toda a gente a acenar. Milhares de pessoas... algum nervosismo... E aí está!!! Oh... eu diria que foi um beijo tímido e envergonhado. Claro que o irmão Harry não pára de rir!!!». A expectativa para a noite de núpcias é grande. Certamente que haverá um ou outro enviado especial debaixo da cama. Estamos ansiosos.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Eu estou fodido; tu estás fodido; ele... vai-se safando

É ler este post e, logo a seguir, perguntar: «onde posso comprar uma arma (não das que aleijam, mas das que exterminam mesmo o alvo) para ajudar a dar cabo da pandilha que nos governa (ou dos que já esfregam as mãos de contentamento e se preparam para tal)?». Foda-se. Somos um povo do caralho, sem dúvida. Há pouco mais de 500 anos, estavámos cheios de tesão para descobrir o mundo (iamos ao Cabo da Boa Esperança montados num palito, se fosse preciso). Agora, de tão sonsos, caimos no erro (por duas vezes, note-se - e é bem capaz de vir aí uma terceira vez) de escolher um primeiro-ministro manhoso, vaidoso, mentiroso e com uma carapaça de aço que lhe tem permitido sair ileso a tudo o que é escândalo (Freeport, TVI, Face Oculta, curso na Independente...). Este tipo dança o fandango, toca ferrinhos, bate palmas e ainda canta. Incrível como, até hoje, um partido como o PSD não foi capaz de fazer frente a esta besta, limitando-se a eleger e a reciclar líderes - e nada mais do que isso. O que me fode é ouvir a minha bisavó, prestes a completar 100 anos (e, felizmente, na posse de todas as faculdades), suspirar assim que vê esta cambada e dizer-me: «os teus filhos e os dos outros vão pagar isto bem caro. E vocês, os da juventude, já começaram a pagar adiantado...». Fico fodido não por ser a minha bisavó a afirmar-me uma coisas destas; mas, antes, por saber que ela tem toda a razão.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

A herança da Guerra Colonial

110 mil ex-combatentes com traumas psíquicos, mulheres silenciadas pelo sentimento de revolta, filhos vitimados pela negligência e maus tratos, famílias desfeitas por memórias inconfessáveis. A Guerra Colonial não terminou no momento em que se anunciou o cessar-fogo; ela continua a afectar toda uma geração seguinte - que sente que esteve numa batalha que nunca viveu.