quinta-feira, 26 de agosto de 2010

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Está tudo bem

Vim aqui fazer valer a prerrogativa que me foi dada de me introduzir no espírito da rua, ou lá como é se diz o nome disto, está tudo bem por aqui, espero que esteja tudo bem por aí, o tempo por aqui e por aí está instável, engraçado como partilhamos o mesmo tempo, giro, pá, partilhámos o mesmo curso e agora partilhamos o mesmo tempo, excepto esse vosso outro compincha de blog, que não sei em que noites tirou o curso, está bonito está, olhem, já está tudo bem com a minha boca, que andou aqui com uma ferida, mas já passou, outro dia estava a comer um papo-seco do século vinte e um, vulgo um croissant brioche com queijo e fiambre, vulgo croissant misto, sem manteiga, disse-me a gaja que faço bem em não pedir manteiga que é por causa das gorduras saturadas, saturado ando eu, mas isso é outra conversa, e estava uma brasileira a olhar fixamente para mim do outro lado do café, confesso que achei engraçado, sabiam, eu acho que era brasileira, pois que bem a mirei também, parecia-me ter boas coxas, porém com apenas um metro e meio, se associadas ao tronco e à cabeça, de qualquer modo eu, depois de fumar o cigarro, atirei com a mochila para trás das costas e fui-me embora, não dou confianças a miúdas, se ainda fosse a Scarlett ou a Cate ainda perguntava 'tudo bem?, outro dia, contei isto eu hoje à Makira e conto agora a vocês, estava em casa de uma pessoa que vocês conhecem e ela também vos conhece, estava então eu a fumar ao pé de um vaso que tinha um pinheiro, bravo, acho eu, vi lá uma erva daninha grande como o coiso, e não fiz mais nada e arranquei-a, não sem algum esforço, isto porque foi só com uma mão, porque com a outra estava com um cigarro e um café, e então aventei (regionalismo) a erva daninha para trás do vaso, e no dia seguinte a legítima proprietária do vaso manda-me uma mensagem, onde, educadamente, me manda foder, na medida em que a erva daninha era uma macieira, uma macieira?, o continente do colombo tem uma senhora muito gorda a trinchar frangos, trincha frangos tão bem como as gueixas japonesas podam roseiras, uma limpeza, porra, que maravilha, aquilo é que está um casting bem feito, sim senhor, hoje em dia, que é como quem diz 'amanhã em atraso', há muitos locais de venda ao público de frango com trinchadoras magras, o que é claramente aborrecido, não me apetece mais isto, depois volto, ah, era para dizer ao senhor do granho, que escreve a dizer que tem duas talhadas de melão a prender-lhe o ventre, aliás, perdão, que tem a melancolia dentro dele, ou lá o que seja isso da melancolia, para mim a melancolia é prima do melão espanhol, é deliciosa, mas quem a come tem caganeira certa, dizia então ao senhor do granho que tenho em minha posse dois bídeos, um registado na casa onde durmo, o outro a andar de carrinhos de choque com seu rebento, bídeos, esses, onde, por acaso, mas só por acaso, está exactamente com a mesma camisola, uma vermelha assim rosa, só para dizer isto, quando quiserem voltarei, eu gostava, isto deve estar com erros, que escrevi de enfiada e não reli, mas como é para vocês...

Pôr-do-sol encarcerado

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Dentro de mim

A melancolia é a minha pátria; a tristeza o meu hino. Há dias assim. Por tudo e por nada. Às vezes, por bem menos do que aquilo que julgamos a mais. E, outras vezes, por mais do que convém. Não há meio termo [é como a vida: ou se vive ou se morre]. Nem sempre existe uma razão para o que quer que seja. E há alturas em que as razões só aparecem para justificar o que não existe. Andamos nós, na estrada da vida, sem olhar ao peão que nos passa ao lado. Arrancamos, paramos, aceleramos. O mundo está em piloto automático. Temos medo de o guiar [e preferimos que seja ele a guiar-nos]. Não passamos de um bando de cordeirinhos. E caminhamos, assim, de mansinho.
Inventamos medos. Metemo-nos dentro da câmara. E ainda abrimos a torneira do gás. Estamos tão anestesiados que nem lhe sentimos o cheiro. Arrancamos, paramos, aceleramos [enquanto os dias nos corroem a alma]. Repara só como um bom momento passa depressa. E, quando nem sequer acabou, já estamos a pensar que não perdurará para sempre. Porque o sofrimento está no nosso ADN; porque a saudade não está somente no dicionário - ela também percorre-nos as veias.
Sabes que a alegria também pode ser triste? Mas a tristeza, essa, nunca é alegre. Não sei se estou certo ou errado. Se queres que te diga, nem penso nisso. Apenos vivo. E, nos dias de hoje, isso já é muito mais do que aquilo que julgamos ser menos. Admito que ainda estou a tirar o brevet. No entanto, é um passo. Mesmo que o mundo siga em piloto automático, irei voar para outro lado. Acompanhas-me?