quarta-feira, 11 de maio de 2011

A puta da ironia

Todos os dias ele perde um bocadinho mais de si.
Todos os dias eu ganho um bocadinho mais com ele.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Sempre na 'linha'

No Perú, há droga da boa. Alan García, o Presidente do país, é um consumidor habitual - como, aliás, se comprova aqui.

Engana-me que eu gosto

Poucas horas depois do anúncio da morte de Bin Laden, o rosto ensaguentado do homem mais procurado do mundo estava exposto nas cadeias de televisão, jornais e sites. Sabe-se, agora, que a imagem terá sido forjada (aliás, muito mal forjada, segundo os editores de fotografia das agências internacionais, que se fartaram de apontar defeitos na fotomontagem).
Acontece, porém, que não houve praticamente um único órgão de informação, à escala global, que não tenha difundido a imagem - mesmo sem ter verificado previamente a proveniência da «foto». Desconhece-se quem a fez; mas o autor da façanha pode orgulhar-se de ter enganado o mundo inteiro. Sobretudo se tivermos em conta que, como se viu (e ouviu), as suas noções de Photoshop são demasiado básicas...

domingo, 1 de maio de 2011

Mau demais para ser verdade

O hino oficial do PSD é mais uma pérola a juntar a tantas outras - como o convite a Fernando Nobre, a mensagem pascal da família Passos Coelho, as entrevistas às revistas (todas da Cofina...). É ver isto e confirmar a desgraça total: edição demasiado amadora, música minimalista e uma letra que já lançou a polémica (em vez de «Está na hora de mudar / com Passos Coelho», ouve-se, na versão original, «Está na hora de mudar / o Passos Coelho»). Entretanto, o 'jornal de referência' garante, basicamente, que todos sofremos de problemas auditivos - e deu-se mesmo ao trabalho de consultar uma 'fonte' do partido. Um grande serviço ao leitor que é complementado com a transcrição, na íntegra, da letra oficial do hino. Mas do PÚBLICO já tudo se espera. Sobretudo depois desta bacorada memorável.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Montes de felicidade

O nível de idiotice é absurdo. Chega a dar vómitos. É ligar o televisor e ver os repórteres portugueses tão ou mais eufóricos do que os próprios noivos. Os enviados especiais (que designação tão pomposa) atropelam-se em palavras - e que, todas juntas, nada dizem. No meio desta verborreia, ouvimos os pivots a descreverem aquilo que vemos, sem acrescentarem nada de novo. E depois as reportagens: «viveram felizes para sempre»; «chapéus há muitos»; «o aguardado beijo real»; «toda a gente irradia felicidade». O João Adelino Faria, então, parece ter ingerido smarties em combinação com LSD. «Mas que momento bonito! Aquilo que o povo tanto esperava!! O beijo de Kate e William vem aí!!! Toda a gente a acenar. Milhares de pessoas... algum nervosismo... E aí está!!! Oh... eu diria que foi um beijo tímido e envergonhado. Claro que o irmão Harry não pára de rir!!!». A expectativa para a noite de núpcias é grande. Certamente que haverá um ou outro enviado especial debaixo da cama. Estamos ansiosos.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Eu estou fodido; tu estás fodido; ele... vai-se safando

É ler este post e, logo a seguir, perguntar: «onde posso comprar uma arma (não das que aleijam, mas das que exterminam mesmo o alvo) para ajudar a dar cabo da pandilha que nos governa (ou dos que já esfregam as mãos de contentamento e se preparam para tal)?». Foda-se. Somos um povo do caralho, sem dúvida. Há pouco mais de 500 anos, estavámos cheios de tesão para descobrir o mundo (iamos ao Cabo da Boa Esperança montados num palito, se fosse preciso). Agora, de tão sonsos, caimos no erro (por duas vezes, note-se - e é bem capaz de vir aí uma terceira vez) de escolher um primeiro-ministro manhoso, vaidoso, mentiroso e com uma carapaça de aço que lhe tem permitido sair ileso a tudo o que é escândalo (Freeport, TVI, Face Oculta, curso na Independente...). Este tipo dança o fandango, toca ferrinhos, bate palmas e ainda canta. Incrível como, até hoje, um partido como o PSD não foi capaz de fazer frente a esta besta, limitando-se a eleger e a reciclar líderes - e nada mais do que isso. O que me fode é ouvir a minha bisavó, prestes a completar 100 anos (e, felizmente, na posse de todas as faculdades), suspirar assim que vê esta cambada e dizer-me: «os teus filhos e os dos outros vão pagar isto bem caro. E vocês, os da juventude, já começaram a pagar adiantado...». Fico fodido não por ser a minha bisavó a afirmar-me uma coisas destas; mas, antes, por saber que ela tem toda a razão.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

A herança da Guerra Colonial

110 mil ex-combatentes com traumas psíquicos, mulheres silenciadas pelo sentimento de revolta, filhos vitimados pela negligência e maus tratos, famílias desfeitas por memórias inconfessáveis. A Guerra Colonial não terminou no momento em que se anunciou o cessar-fogo; ela continua a afectar toda uma geração seguinte - que sente que esteve numa batalha que nunca viveu.

domingo, 24 de abril de 2011

Outros rostos da Revolução

Uma imagem vale (muito) mais do que mil palavras. Por vezes, o seu maior valor está naquilo que lá está (mas que permanece invisível aos olhos de quem vê). Chama-se «memória histórica» (algo que já não existe nas redacções deste país).
O 'guitarrista' que aparece destacado nesta foto dá pelo nome de Rui Pato. Integrou o Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Coimbra (CHC) em 2005. Deixou o cargo em finais de 2009. Antes disso, dirigiu o Serviço de Pneumologia. Feitas as contas, Rui Pato esteve no CHC (onde começou como médico interno) durante 37 anos. Em suma: uma vida.

Agora, o 'outro lado': Rui Pato percorreu o país, de concerto em concerto, ao lado de Zeca Afonso. Conheceram-se em Mangualde, quando Zeca ganhava a vida a dar aulas. A aventura da música de intervenção terá começado em meados de 1960, tendo terminado uns 8 anos depois.
Muito depois disso - e pela última vez -, Rui Pato pegou na viola, a pedido do próprio Zeca. Foi num espectáculo no Coliseu, que decorreu meses antes da morte do autor de «Grândola, Vila Morena» (em Fevereiro de 1987).


Eis Zeca Afonso descrito por Rui Pato:


«O Zeca sempre teve fama de maluco. Aconteciam-lhe coisas estranhíssimas e a mais vulgar era andar com uma meia de cada cor. Trazia sempre um saco de remédios. Uns para dormir, outros para acordar. À noite enfiava calmantes e, de dia, estimulantes.»


«Tinha também o hábito da vitamina C. Quando chegava à gravação dizia que não tinha voz e tomava uma injecção de vitamina C para 'aclará-la'.»


«O Zeca punha sempre dificuldades nas gravações. Às vezes, dizia que não fazia a digestão. Um dia, propus-lhe uma refeição leve. Comemos um ovo estrelado.»


[Depoimentos extraídos da obra Livra-te do Medo: estórias e andanças do Zeca Afonso, de José A. Salvador]

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Melodia

Chegado a meio da rua, o velho negro pousou os sacos no cimo do passeio. O dia ia longo. O fato de macaco - impregnado de estilhaços de cimento já secos e sólidos - denunciava a sua ocupação principal. Lançou um suspiro e esticou os dedos. Baixou-se, abriu uma caixa de madeira e tirou o objecto brilhante (que reluzia como ouro). Quem lhe apreciasse os gestos poderia notar que eram devidamente estudados.
Todos pareciam ignorar a sua presença. Até que, de olhos cerrados, ergueu a cabeça em direcção ao céu, dando a sensação que procurava inspiração divina. De repente, todos pararam. Fez-se silêncio. Para ver e ouvir. Um velho negro, um saxofone e um talento do tamanho do mundo. Não há palavras que descrevam a sinfonia melódica do homem que só sabe tocar de olhos fechados; que nunca estudou música; e que apenas pede algumas moedas em troca da sua arte imensa.
Quase sempre, tenta esquivar-se à curiosidade alheia. «Não interessa de onde vim nem quem fui; somente onde estou e quem sou», diz. Assim sendo, quem és tu? «Um velho. Nada mais do que isso. Mas tenho uma grande alma: o meu safoxone». E onde estás? «Em todos os lugares que as pessoas imaginam, quando ouvem as minhas melodias». O saxofone, o velho negro e o seu enorme talento andam por aí, nas ruas de Lisboa.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Eu aderi, tu aderiste e até ele aderiu

Contra todas as previsões e expectativas, M. (chamemos-lhe assim) impôs a si próprio um objectivo de vida: aderir ao Facebook. «Decisão banal», dir-me-ão os mais sensibilizados para estas questões das novas tecnologias e redes sociais; «já sabia que ias falar dessa merda, ó caralho», barafustará M., naquele tom 'bovino' que tão bem o caracteriza (na verdade, M. conseque ser mais embezerrado do que eu - ainda assim, gosto do cromo).
Primeira conclusão: no domínio do mundo virtual, M. consegue atrair todas as más vibrações possíveis e imaginárias, fazendo com que mesmo as aplicações mais óbvias deixem, simplesmente, de funcionar. Só assim se consegue explicar que, no espaço de poucas horas - após a criação do seu perfil - M. tenha ficado encurralado. M. fez dois ou três amigos e, num abrir e fechar de olhos, o sistema não o deixou remeter pedidos de amizade. Será o Facebook uma ferramenta assim tão avançada que, na verdade, sabe que é improvável que M. tenha amigos num número que vá para além dos dois dígitos? Fica a dúvida.

Em todo o caso, o mundo deve registar tamanha façanha. Numa altura em que atravessamos um momento apocalíptico (já não adianta mudar a fechadura, pois o FMI já nos entrou pela casa adentro), Portugal pode orgulhar-se, agora, de ter todos os seus cidadãos ligados ao Facebook. M. acabou por concretizar, em poucos minutos, aquilo que ponderou durante longos meses. Um pequeno 'clic' para M., um grande passo para a irradicação da iliteracia digital no país.

Todavia, aconselha-se alguma prudência. Os próximos dias vão ser decisivos para M., que ficou impossibilitado de fazer amigos durante, pelo menos, 48 horas. O facto de não ter tido uma entrada triunfante nos meandros do Facebook e de levar com um tipo a 'reinar' sobre o assunto (como, de resto, este post comprova) poderão significar um retrocesso na decisão histórica de M. (que, no seu blog pessoal, também já sente na pele a ânsia de algumas pessoas de serem suas 'amigas').

Mas aconteça o que acontecer, M. mostrou o seu lado meiguinho. Só por ter aderido ao Facebook. Colapsou o sistema, é certo, mas colocou de lado o seu orgulho e juntou-se à manada. Por este e outros motivos, só tenho razões para gostar de M. Adoro-te.

quarta-feira, 30 de março de 2011

No reino da 'alucinolândia'

Não contesto o direito dos trabalhadores à indignação - até mesmo dos funcionários de empresas públicas. Só por aqui dá para ver que sou um tipo sensível e tolerante (capaz, até, de defender os interesses - ou uma pequena parte deles - dos trabalhadores das companhias dotadas de capitais públicos). Mas há limites. Sobretudo quando a criatividade estagna. A paralisação da CP e do Metro, em concreto, são formas de luta do século passado (e que apenas prejudicam os passageiros - a razão de ser dos transportes colectivos). É a velha mentalidade: «vamos lá foder o dia ao utente, para ver se o povo fica aborrecido e os miseráveis dos governantes arrepiam caminho». Há meses consecutivos que os sindicatos ligados à CP e ao Metro convocam greves atrás de greves. São muitos dias a foderem a vidinha a quem paga o seu título de transporte na totalidade.
Estas birras mesquinhas reflectem todo o egoísmo individual da mentalidade de uma certa esquerda (haverá mais do que uma?). Torna-se assustador quando esta gente se reúne em manada, agindo de forma colectiva. Pensam que são espertos, mas só 'avacalham' (ainda mais) o sistema - ao ponto de, por exemplo, elegerem políticos como Sócrates, em troca de promessas da manutenção dos direitos adquiridos. Pior: adoram repetir o erro.

Estas 'toupeiras andantes' não percebem (ou fingem não perceber) que trabalham em empresas públicas falidas, cujo prejuízo adensa-se a cada dia que passa. Reclamam regalias de luxo, auferem salários fora do comum e laboram menos horas semanais do que os restantes trabalhadores portugueses. Não sabem o que é trabalhar numa empresa privada, sem direito à contestação e sujeitando-se ao pão que o diabo amassou. As paralisações sucessivas só abonam a favor das privatizações. Uma ideia, aliás, que vai tomando forma (já deu para perceber que, com Passos Coelho e o FMI a comandarem os destinos deste país, a privatização de empresas como a CP e o Metro são um belo rebuçado). Os abutres também se abatem. E alguns deles até ajudam a cavar a sua própria sepultura.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Lembras-te da Rosinha? Pois bem: podia ser (muito) pior

1989. Anunciava-se uma autêntica revolução na aldeia, com a actuação de Jorge Rocha & as Lipstick. Nunca ninguém tinha ouvido falar no rapaz e nas tipas que o acompanhavam, mas os cartazes - distribuídos massivamente pelos locais públicos (centro de saúde incluído) - faziam antever uma noite de Verão escaldante.
Corria o boato de que, a meio da actuação, as acompanhantes de Jorge Rocha iriam despir-se integralmente. Na noite do espectáculo, novos e velhos apinharam-se no recinto, mesmo antes do sol se pôr, para assegurarem o melhor lugar (de pé). Recordo-me particularmente de um velhote, dado como desaparecido há dois anos - e que, misteriosamente, reapareceu. Precisamente naquela noite.
Não é fácil responder à questão «Quem é Jorge Rocha?». É uma explicação complexa, que requer alguma reflexão. Ainda assim, cá vai: Jorge Rocha começou a ganhar a vida como bailarino. Cresceu, meteu na cabeça que queria ser cantor - e, vai daí, gravou umas músicas maradas, com a voz completamente desafinada (e com um modo peculiar de articular as palavras - um misto entre a dislexia e o sotaque transmontano). As acompanhantes não sabiam cantar. Mas, naquela altura, o playback fazia escola.
Elas só tinham de mostrar as nádegas, eriçar as mamas e abanar o corpinho. Não importava se faziam de conta que estavam (ou não) a cantar; a região bucal era, em todo o conjunto anatómico, a menos observada pela assistência. Ao longo dos anos, foram várias as formações das Lipstick: Candy, Dora, Diesel, Eliane... Até nisto o grupo era original, ao conseguir integrar gajas com nomes de electrodoméstico e combustível.

Volvidos mais de 20 anos, onde pára Jorge Rocha? Hoje, o tipo chama-se Jorge Martinez, abandonou as Lipstick (embora se faça acompanhar, em palco, por duas quarentonas de cabelo oxigenado) e diz que é o Prince português. Apesar da dupla personalidade, há coisas no Jorge Martinez que ficaram do Jorge Rocha: as músicas maradas, a voz desafinada e histérica, a forma estranha de pronunciar as palavras. Todavia, Jorge Martinez é um verdadeiro 'performer' e o único artista português que, ainda hoje, faz videoclips ao estilo do século passado. Atentemos, pois, ao espectáculo que é este vídeo referente ao 'single' mais recente do artista.

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O Ferrari sempre a rasgar e a atirar gravilha pelo ar; o pormenor de 'Martinez' na chapa de matrícula (eu pagava para ver este gajo a ser catado pela Brigada de Trânsito); a brilhante componente estética, onde sobressaem os elementos terra e fogo; a gaja metida na banheira, com o leite (?) a escorrer-lhe pelo peito... Tony Carreira? Deixemo-nos de merdas. O mundo pertence a Jorge Martinez. Nem que sejam precisos mais 20 anos para este gajo dar nas vistas - mas há-de conseguir. Também ajuda se as pessoas estiverem dispostas a tapar os ouvidos e a fingirem que ouvem (e gostam) daquela voz. Descoordenada. E esganiçada.
Vale a pena ir ao encontro deste universo paralelo. Aqui.

Rezemos

A minha religião chama-se Acatar e Zhu Di é o meu deus. Comecei por frequentar timidamente este digníssimo templo virtual e, hoje, não passo um único dia sem o visitar. É a prova, de resto, de que ninguém deve ser julgado pela aparência (Zhu Di tem, de facto, um aspecto físico duvidoso e, quanto balança o corpo, nota-se que há ali qualquer coisa a roçar a paneleirice). Mas avante. O que importa é toda a sapiência e o bom gosto (como demonstra este post) que prolifera em Zhu Di. Alimenta-nos a alma com imensos posts, a um ritmo inimaginável e frenético. Num só dia, o homem é capaz de abordar assuntos tão díspares como Sócrates, Benfica e Carnaval. A panóplia de imagens, acompanhadas pelos takes da AFP, também nos faz delirar. Eu sei que, ao ler estas linhas, Zhu Di irá pensar: «foda-se, mas que caralho, lá está este paneleiro de merda a foder-me a cabeça, ó caralho» (sim, Zhu Di tem um vocabulário extensamente rico e é muito franco no que diz). Todavia, é de bom tom o 'Espiríto do Asfalto' (ou, no original, 'Street Spirit') reconhecer e distinguir os melhores criativos do universo da blogosfera. Naturalmente, poderia acrescentar muito mais sobre Zhu Di. O seu passado, por exemplo, reflecte o carácter solidário que sempre vincou a sua personalidade. Basta lembrar que, durante anos a fio, Zhu Di voluntariou-se a servir copos no 'Finalmente', sem pedir nada em troca (desde que houvesse clientela para apreciar, claro). Porque, em boa verdade, Zhu Di não deixa passar nada ao lado. Nem mesmo um bom homem de collants ou ganga justa.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Ficção e realidade: o mundo segundo a Pfizer

«O Amor é o Melhor Remédio» («Love and Other Drugs», no título original) estreou nos EUA em finais de 2010 e, há pouco mais de um mês, chegou a Portugal. Está enquadrado na paupérrima categoria de comédia romântica, com indicação para M/12 (o que é minimamente estranho, dadas as cenas de sexo em abundância - o que leva a questionar a competência desta gente). Mas há uma pergunta intrigante: como é que um filme destes, inequivocamente dirigido às massas (e para consumo imediato, sem nos obrigar a pensar em demasia), passa despercebido na Europa? Comecemos por desvendar a sinopse oficial da obra...

"Maggie é um fascinante espírito livre que não permite que nada a prenda, nem mesmo um fascinante desafio pessoal. Mas conhece a sua cara-metade em Jamie Randall, cujo charme é quase infalível tanto com as senhoras como com as vendas de produtos farmacêuticos. A evolução da relação entre Maggie e Jamie apanha-os de surpresa, ao darem conta de estarem sob a influência da derradeira droga: o amor..."

À primeiro vista, «O Amor é o Melhor Remédio» não passa de uma «comédia romântica» igual a tantas outras, recheada de clichés, com diálogos previsíveis e cenas lamechas. O filme perfeito, portanto, para uma tarde chuvosa, no aconchego dos cobertores, em que apenas pretendemos aliviar a cabeça de toda a merda que nos percorre o cérebro.
Todavia, esta é uma obra que nos faz pensar - sobretudo aos que se querem dar um pouco a esse trabalho. Porque envolve uma empresa farmacêutica real (Pfizer) e uma personagem (Jamie Randal) que, neste universo ficcional, vende produtos igualmente reais (começa no Zoloft e acaba no Viagra). Jamie, o delegado de informação médica, chega mesmo ao ponto de convencer os médicos a não prescreverem Prozac (de uma empresa concorrente).
Os mais incautos perguntarão: e quanto pagou a Pfizer para aparecer no filme? A questão, no entanto, deve ser invertida: quanto recebeu a Pfizer para se sujeitar a isto? Os esquemas de vendas que apenas visam o lucro (driblando as recomendações da FDA), o treino «agressivo» dos delegados de informação médica, a forma pouco ortodoxa como se dá cabo de um fármaco da concorrência, a promiscuidade entre empresas farmacêuticas e médicos, o «outro lado» dos congressos científicos (há mesmo um especialista que chega a injectar-se com testosterona, para aguentar a «vida social» de um Congresso anual, em Chicago)... Há diálogos verdadeiramente assustadores. É assumido que este filme foi feito a partir da autobiografia de Jamie Reidy, autor de «Hard Seel: The Evolution of a Viagra Salesman» - e que, antes de sair de cena da indústria farmacêutica, desempenhou funções na Pfizer e na Lilly. A legitimidade de nos sujeitarem a tamanho descaramento é, no entanto, questionável. Porque - e mesmo que a Pfizer não seja tudo aquilo que realmente se vê no filme -, a verdade é que eu, enquanto consumidor, coloco (ainda mais) dúvidas sobre o funcionamente (pouco digno) deste mercado peculiar. Nem sempre a ficção é tão ficcionada quanto se possa pensar; por vezes, ela consegue ser perigosamente real.

terça-feira, 8 de março de 2011

Passaram mais de 7 anos...

...e ainda ninguém cá de casa tem médico de família. Se ninguém respeita o direito do acesso à saúde (consagrado na Constituição), é quase certo que, por estes dias (e como forma de indignação), receberei a equipa dos Censos 2011 de «braços abertos»...


sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Afinal, sempre a comi

De tantas vezes a ver, tinha de a comer. Nao sei se era a mesma malhada que insistia em parar ah beira do cercado, aqui junto ao hotel, observando tudo e todos. Mas, ao almoco, calhou-me bife da vazia. E creio que era da malhadinha. Constatei que, hoje, ela nao deu qualquer sinal de vida. De qualquer das formas, nao se perdeu grande coisa. A carne do bicho era dura.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

¡Todo estay bien!

Madrid. No meio das vacas. Algures entre La Rambia e Jarama. Determinados órgaos de informaçao (onde está o "til" na merda deste teclado???) enviam os seus grandes repórteres para cenários de guerra, onde a resistência de cada um é posta à prova - e onde o jornalismo cumpre a sua missao (lá está: o "til" - ou a falta dele) mais nobre: farejar histórias, ouvir os mais fracos e oprimidos, atravessar a rua sob a ameaça de um tiro perdido, o sangue quente a percorrer as veias e o coraçao a latejar à velocidade de uma rajada de balas.

Agora, enganei-vos. Estou aqui porque, também eu, tenho uma missao nobre. E, para a cumprir, tenho de ter sangue na guelra. Está muito enganado quem pensa que os tipos da imprensa especializada (no caso, na área da saúde) se cingem a falar de contracepçao, menopausa ou amenorreias. Há toda uma perspectiva obscura (o "gueto dos osteoblastos") que importa levar ao conhecimento dos leitores. E, para isso, é preciso correr riscos - como estar num hotel sinistro, no meio de nenhures, rodeado por prados subtis onde desfilam vacas e cordeiros.

Afinal, quem sao os responsáveis pela síntese dos componentes organicos da matriz óssea? Isso mesmo: os osteoblastos, essas células de que poucos ousam falar, localizadas na superfície do osso. E depois há os proteoglicanos, as glicoproteínas... Uma verdadeira máfia instalada no nosso corpo, capaz de desencadear as mais severas patologias. Estou aqui para ouvir especialistas de renome, confrontar ideias, desbravar caminhos (ainda) pouco conhecidos.

Nem os becos escuros ou os latidos dos caes selvagens, perdidos dos caçadores ou dos pastores, sao capazes de me assustar. A minha sede de saber e a vontade de revelar ao mundo todos os segredos envoltos em torno dos osteoblastos sao a luz que ilumina estes recantos repletos de escuridao. No fundo, sou uma espécie de "pirilampo dos pequeninos": ágil, discreto, eficiente. Sou a voz dos silenciados e os olhos dos que nao conseguem ver.

Algures entre La Rambla e Jarama. Aqui estou eu, na missao a que fui destinado. Sem medo do abismo e pronto para qualquer sobressalto. Admito o nervosismo. Ainda há pouco, por exemplo, tirei uma pele eriçada, bem junto à parte superior da unha. Sangrei. Mas, qual bravo do pelotao, aguentei firme, sem protestar, com o dedo a escorrer sangue. Porque nós, jornalistas, temos de estar preparados para uma qualquer eventualidade. Porque o jornalismo nao se escolhe. É ele que nos escolhe a nós. Mas deixemo-nos de rodeios. A prosa já vai longa e o tempo urge. A noite já desceu sobre este mantro obscuro e deserto. Agora, é chegada a hora de ir tratar da Veronica. Até breve.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Bife da vazia*

Terça-feira. Já é noite e eu sem ter colocado um único post. No mínimo, indecente. Bem queria acompanhar a pedalada deste gajo, destronando-o no número de posts elaborados a cada 10 segundos. Mas não consigo. Admito o meu falhanço. Fiquem agora com a imagem do dia. Ah, e está tudo bem.
Nigella Lawson [copa F]
Rigoroso exclusivo Street Spirit

* Embora possa haver uma associação (mesmo que metafórica) entre o título deste post e a imagem acima, esclarece-se que «bife da vazia» foi a forma mais eficaz de homenagear o sr. Amílcar, prestigiado talhante aqui do bairro que vende os melhores nacos de vaca. Obrigado pela qualidade com que brinda a clientela, sr. Amílcar. Espero que também esteja tudo bem.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Associativismo

Como é que se entra na Maçonaria? Um tipo tem de ter familiares/amigos dentro daquilo ou pode candidatar-se através de formulário próprio com fotografia actualizada (tal como se tira o passe da CP ou se adere ao Partido Socialista)? E o traje, é caro? O avental, por exemplo, pode ser adquirido junto à área de utensílios de cozinha do Continente? As reuniões dos maçons são todas em regime presencial ou há a possibilidade de participar online? Também dão cupões de desconto para combustível? Alguém que tenha a amabilidade de me esclarecer estas dúvidas, por favor. Já há muito tempo que ando para fazer merda. E quer-me parecer que não vou lá se não pertencer a uma seita à maneira.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A informação nos tempos modernos

Definitivamente, a semana tem estado a correr muito bem à Coca-Cola. Em poucos dias, conseguiu chamadas de capa nos jornais, espaço nos noticiários televisivos e até nos blocos informativos das rádios. E soma e segue, como se pode ver por aqui. Desta feita, a coisa derivou para a KFC e até para os pastéis de Belém. Como está bonito (e criativo), o jornalismo. Gosto.

A arte de Dahl

Eis o programa originalmente emitido na BBC (e que, muito recentemente, passou na SIC Mulher). Foi esta "receita", aliás, que me motivou a discernir algumas considerações sobre a arte e destreza culinárias de Sophie Dahl, num dos posts mais abaixo. Dahl não deve ser entendida como "mais uma" chef de cozinha. É, antes, uma sapiente artista das panelas e dos tachos, em todo o seu esplendor, que emana luz e sabe como nos alimentar a alma. Os pratos confeccionados por Sophie Dahl são telas repletas de ingredientes belos e coloridos, que merecem ser degustados até pelo olhar. Tal como a apreciação de um quadro de Renoir exige a aquisição prévia de determinados conhecimentos, também as obras criadas por Dahl só serão entendidas no seu todo apenas por uma pequena parte do público. É assumido: gosto desta mulher.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O segredo mais bem guardado do que todos os segredos de Fátima

Afinal, e segundo informações recentes, a receita que consta no artigo divulgado no post anterior é de 'Coca-Cola martelada'.
Aos leitores do Street Spirit, as nossas sinceras desculpas pelo lapso, ao qual somos totalmente alheios.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Ervas aromáticas

Pode não parecer. Mas isto...

...é (parte da) Coca-Cola.
Eis o 'segredo' revelado. Aqui.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O amor é louco (e Paixão também)

Nunca gostei de Pedro Paixão. O estilo e a narrativa denunciam a sua personalidade bipolar e eternamente insatisfeita (característica já assumida pelo próprio, em várias entrevistas). Na 2.ª feira (14 Fevereiro), o Metro dedicou-lhe quase meia página.

O escritor acedeu escrever um texto ficcionado, a propósito do amor. No breve conto, o narrador (de meia-idade) mantém uma relação com um jovem. Ao ler estes excertos...

O que importava era eu sentir que cada frase que trocávamos era mais um fio que nos unia numa perfeita teia de aranha. De que gostas, o que sentes, em que pensas, diz-me agora. Eu era a aranha. (…) Levei-o para minha casa, para o meu quarto, para a minha cama branca. Era um miúdo desajeitado. Tive pena dele. (…) Por momentos senti-o triste e feliz ao mesmo tempo, por estar ali comigo. Não é fácil provocar num homem sentimentos contraditórios. Gosto de os sentir desorientados. Sem já saberem o que podem fazer, ou dizer. Quando ficam mudos e encadeados e perderam a memória. (…) Tive de aprender que o desejo de amor não pode ser saciado. O que o futuro traz só a mim pertence. Não chegarei a saber a cor dos seus olhos.


...ocorreu-me isto. Eis Pedro Paixão, igual a si próprio: escrita assumida, mas descomprometida; bastante claro, mas em tudo vago; a querer provocar, mas apenas a fazer cócegas. Em suma: é urgente que Paixão encontre um novo 'dealer'.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Em boas mãos

A SIC Mulher sabe tratá-los bem. Aos homens, quero eu dizer.
Facto prévio #1: se há coisas que as mulheres se queixam é de que os machos (nomeadamente os 'alfa') não sabem cozinhar. Só atrapalham, não distinguem uma frigideira de uma panela e estão-se nas tintas para aprender.
Facto prévio #2: elas começam a ficar fartinhas desta merda (para escravas dos tachos, já bastaram as avós e as mães). Daí que o canal feminista da SIC tenha inovado, ao ter adquirido os direitos de transmissão do programa de Nigella Lawson.

Sabendo que os homens não são parvos, a SIC Mulher voltou a inovar. Agora, todas as semanas, as artes culinárias entram-nos casa adentro, pelas mãos de Sophie Dahl. Foi para 'desenjoar' da Nigella.

Os ingredientes, contudo, mantêm-se. Receitas exóticas, cenários simples e repletos de recipientes com ervas aromáticas, voz doce e sensual (a roçar o leite creme com travo a canela) e decotes q.b., coisa que nem o Manuel Luís Goucha se lembraria quando ainda usava bigode e apresentava um 'programazito' de receitas, na RTP.
A SIC Mulher ganha pontos. Porque sabe o que os homens querem. Pena que poucos ou nenhuns tenham capacidade para acompanhar, ao mesmo tempo, a deslocação das mamas de Dahl e aquelas coisas todas que ela cozinha.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Quando o óbvio nos parece demasiado simples

A notícia surgiu n'O Jogo - e o amigo Acatar aproveitou para passar a mensagem. Em duas linhas: Vanessa Fernandes terá interrompido a carreira desportiva devido a "uma doença de coração: o amor" [citação]. Sem qualquer confirmação oficial por parte da atleta e do seu treinador (conotado como namorado, sendo preparador físico de Vanessa Fernandes desde Novembro de 2009...), o amor enquanto causa evidente do abandono pela competição parece surgir «intuitivamente» (no fundo, é a mesma filosofia da imprensa cor-de-rosa: o rumor aparece e as «fontes» [amigos, vizinhos, conhecidos...] dão-lhe toda a consistência de uma verdadeira notícia - mesmo que os intervenientes desmitam ou não comentem os factos).

Neste caso, as palavras de Vicente Moura, presidente do Comité Olímpico de Portugal, cairam que nem ginjas: "ela [Vanessa Fernandes] transformou-se numa mulher; uma bonita mulher". Importa reter que o DN foi mais longe, associando - de forma indirecta (e pouco bonita) - a decisão da triatleta ao "medo de falhar", às "dificuldades em lidar com a pressão", à "perda de confiança" e à "desmotivação". Em suma: o caminho dos jovens campeões é tão penoso que, um dia, acontece a glória; e, no outro, a depressão (apenas para aludir ao título do artigo).

O que se passa com a Vanessa Fernandes é o mesmo que se passa com outros atletas da alta competição. Melhor dizendo: com outras atletas (do sexo feminino, bem entendido, porque a questão reside precisamente no género). Chama-se «tríade da mulher atleta» e trata-se de uma síndrome que envolve a alimentação desregrada; a amenorreia (ausência de menstruação); e/ou a osteoporose. Em Ginecologia, o diagnóstico e tratamento das disfunções menstruais, entre as mulheres que praticam exercício físico intensivo e/ou extensivo, constitui o motivo mais frequente para procurar ajuda médica.

A triatleta anteriormente mencionada terá tido, durantes anos a fio, amenorreia secundária (a taxa de prevalência desta situação clínica pode, aliás, ser até 20 vezes mais elevada entre as atletas de alta competição, por comparação com a população em geral). Um treino intenso e regular é condição suficiente, per si, para desencadear amenorreia atlética. Perguntar-me-ão: «então, e só por ter o período, a tipa deixa a alta competição??». Respondo: a verdade é que deixou (e talvez as implicações decorrentes de uma menstruação, surgida aos 25 anos de idade, sejam bem mais complexas do que aquilo que julgamos). Releiam, agora, as palavras de Vicente Moura: «ela transformou-se numa mulher...».

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Vamos aos treinos

Já lá vão os tempos em que o parque de Monsanto se resumia a um imenso prostíbulo a céu aberto. Apesar do abandono a que algumas infraestruturas estão votadas (a Serafina e o Alvito, por exemplo, já tiveram melhores dias...), convenhamos que nem todas as grandes capitais europeias podem reclamar para si próprias um espaço central onde se respira ar puro - e apenas a poucos minutos do centro urbano. Pena que Monsanto tenha, ainda, um carácter demasiado sazonal (i.e., quase que vive o seu auge no Verão, para depois 'hibernar' nos meses mais frios). Ainda assim, vale a pena partir à descoberta de um sítio (raro), em Lisboa, onde predomina o verde.

Um dia destes, caí na tentação de percorrer os caminhos sinuosos (no bom sentido) de Monsanto. Não tão enigmáticos como os da serra de Sintra (até porque são únicos - o que muito se deve à carga emocional que o sítio encerra), é certo, mas não dei o tempo por perdido. Uma das descobertas chama-se campo de tiro, cuja localização não dista muito da rotunda de Pina Manique (para os mais distraídos: basta seguir o som estridente das 'carabinas').

O campo de tiro de Monsanto tem, contudo, um lado mais lúdico (e menos bélico). Um descampado com todos os preparos torna possível o treino com recurso ao arco (ou à besta, consoante a preferência do utilizador). Ali, trabalham-se a agilidade e a perícia, num ambiente salutar e pouco dado a 'selectividades'.


Os arqueiros trocam impressões, confrontam ideias, emprestam material e - supreendam-se! - não gozam com quem não leva arco ou é um mero iniciado na disciplina (revejo-me em ambas as situações).



No meu caso, tive, até, a possibilidade de experimentar um telémetro (vulgo medidor de distâncias) de um arqueiro desconhecido. O espírito dos arqueiros é contagiante. Pode ser que, um dia, a coisa se proporcione...

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Hino à alegria: a celebração de todo um novo Eu

O mundo é feito de mudança – e eu também. Decidi que, a partir de hoje, irei carregar a Liturgia Diária na mochila, em vez de esbanjar dinheiro com o Diário de Notícias ou com o Público. Não hesitarei, sempre que encontrar um mendigo ou uma alma desamparada, em iluminar-lhe o caminho, com os ensinamentos de Deus. Sejamos sinceros: se Deus quisesse que comprássemos jornais para ler as notícias, não tinha inventado a televisão (além disso, O Preço Certo ou a novela Laços de Sangue só têm lugar nesse mausoléu que é o televisor).

Porque mudei? Porque, acredito, eu sou o Rosto de Cristo (sobretudo nos dias em que não aparo a barba). Basta-me erguer as mãos e todo eu sou Cristo. Transporto, comigo, toda a Misericórdia de Jesus e do Seu verdadeiro amor (Cfr. Lc 5, 31-32). Há quem olhe para uma bolacha Maria e veja apenas isso: uma simples bolacha; mas, para mim, é uma hóstia. Jejuarei água. A vida só faz sentido se regarmos a alma com vinho de pacote do LIDL. O sangue de Cristo, afinal, não escolhe marcas nem preço.

Oração

Jesus, orientai-me. Apesar de toda a minha perfeição, aceitai os erros e as falhas dos meus semelhantes. Faz-lhes ver que, um dia, eles poderão ser tão completos quanto eu. Leva-me como Tu quiseres. Nem que seja de táxi. O que importa é não faltar às 5.as feiras loucas do Frágil ou do Lux. Ajudai todas as mulheres que me desejam a ter alguma paciência. Chegará para todas. Mas dêem-me tempo. Amén.

Calendário venatório: época de caça

Eis o panorama cinegético da coisa: no escritório (zona de caça), abundam presas (gajas) a rodos. O posto de caça (secretária) é perfeito: discreto, com um bom campo de visão, permitindo a observação minuciosa de todos os exemplares que ousam fazer uma aproximação mais cerrada. A posição geográfica do cevadouro (fotocopiadora) não podia ser melhor. Ali perto, do meu palanque (secretária), vislumbro as peças (gajas) que vão desfilando - umas a passo apressado, outras num ritmo mais vagaroso. Contudo, e apesar de todos os esforços evidenciados, a taxa de abate (engates) é nula. A área está densamente povoada (há mesmo gajas com fartura) e já era altura de equilibrar a fauna (é um desperdício não me apoderar disto). Decididamente, tenho de rever os planos. Das duas, uma: ou arrumo a besta e aposto na caça tradicional (com montarias e batidas); ou então armo-me em Robin dos Bosques, visto os meus melhores collants e dou-lhes com o virotão até mais não.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Os fios da tomada

Ensinaste-me tanta coisa e continuas a ensinar. Ainda agora que chegou a minha vez de cuidar de ti, tu ensinas-me, quando sou eu que devo ensinar-te aquilo que aprendi contigo e que agora te vais esquecendo.
É verdade que já não te ouço há algum tempo. E sei também que nem sempre me vês, quando por rebeldia me desvio dos teus horizontes cada vez mais enfraquecidos.
Mas também é verdade que me ensinaste recentemente algo demasiado valioso e capaz de sossegar a minha alma revoltada, como me sossegavas quando passeava a casa ou tentava abrir a porta para sair por causa dos meus ataques de sonambulismo.
Contigo descobri que, em cada abraço ou toque nosso, todos, mas todos, os poros da minha pele e da tua respiram palavras, olhares, sentimentos. São tantas e tantas as vezes que consigo mesmo ouvir-te e lamento que eu ainda não seja capaz de comunicar dessa forma, para que tu me consigas ouvir.
Do que me dizes, quero que saibas que eu sei que me amas. Sei que estás triste, zangado, que te sentes inútil mesmo, por estares doente porque sentes que já não és capaz de me ajudar nos mais pequenos pormenores.
Mas quero também que saibas que eu estou bem ensinada para esses pequenos pormenores da vida, capaz de os enfrentar sem qualquer ajuda, porque tu assim me preparaste. Fui capaz de mudar a tomada do hall porque desde miúda te vi a ligar os fios e isso significa que sou capaz de mudar muita coisa, com as ligações correctas, para que não fique no escuro. Confia em mim...

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Breve história de amor

O amor não se explica; sente-se. O amor não se escolhe nem tem hora marcada: aparece, de rompante, mesmo quando não se espera (ou sobretudo quando menos se espera, o que é ligeiramente diferente). Os dois, olhos nos olhos, calados. Apenas um breve sorriso e as mãos entrelaçadas. O coração a bater em compasso acelerado e o calor a invadir cada um dos corpos. Quando distantes, um confessa que não consegue viver sem o outro. Palavras doces, que imediatamente dão azo a um desejo súbito e intenso. Quem os vê, assim, ao longe, não entende a dimensão do sentimento. Não faz mal - até porque tal como o amor não se explica (mas sente-se), ele também não merece ser explicado (mas vivido). Que importam as palavras, quando um gesto, um carinho ou um acenar podem dizer muito. Mas nem tudo é rosas. Pelo menos, até ao dia em que um deles agarrou o saca-rolhas...

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Manuel Alegre: a polémica Cavaco vs BPN explicada aos miúdos

Porque é que, de repente, Manuel Alegre deixou de insistir na polémica das acções da SLN compradas e vendidas por Cavaco Silva? Porque a SLN, agora denominada Galilei SGPS, passou a ser presidida por Fernando Lima Valadas Fernandes - que, por sua vez, integra a Comissão de Honra de Manuel Alegre. Convém frisar que a sede de campanha de Manuel Alegre (a mesma que foi utilizada nas presidenciais de 2006, frente ao El Corte Inglés) é propriedade da Galilei.

Uma pitada de política apenas para dar um toque de inteligência a este magnífico blog

Está decidido. No próximo dia 23 de Janeiro vou ficar em casa. É uma atitude tão legítima (e não censurável) como a dos que optam por ir votar. Acredito que, nas presidenciais de 2006, grande parte dos quase 40% dos abstencionistas não quis expressar o seu sentido de voto por várias razões: porque os partidos políticos não passam de grupos organizados a quem cabe alimentar interesses próprios; porque a classe política está descredibilizada, obsoleta e afastada dos problemas reais do país; ou, pura e simplesmente, porque não apeteceu. Estas (e outras) são também as minhas razões. Como é possível fechar os olhos a uma abstenção que atinge quase os 40%?? O sistema sempre ignorou a abstenção, dando-lhe a importância que muito bem lhe apetece. Em vez de tentar determinar os verdadeiros motivos que levam um recenseado a não votar, o sistema (que somos todos nós) legitimiza os resultados e passa à frente. Se podia votar nulo ou em branco? Poder até podia. Mas isso seria continuar a contribuir para um sistema caduco, ultrapassado e que não garante a igualdade de participação cívica e activa (não confudir sistema com democracia).

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Um dia, isto tem de acabar

Olho para todos os lados - e o que vejo? Amazonas encantadas que envergam peças de roupa justas e curtas, deixando a descoberto parte considerável da epiderme. Parece uma epidemia combinada. Quase todas elas entram assim escritório adentro, mexem, remexem, soltam suspiros, soletram constantemente pelo meu nome, puxam as saias e os vestidos para baixo, trocam olhares, deixam os ombros à mostra, desapertam os botões das blusas... Eu, que até sou contido, sou obrigado a levar com isto durante 8 horas por dia, 5 dias por semana. Eu, que até gosto de mulheres, resisto com todas as minhas forças. Mas há-de chegar o dia em que não conseguirei controlar os meus impulsos mais selvagens - e, aí sim, elas que façam de mim o que bem entenderem. Estou a imaginá-las todas juntas, sorridentes, com a sensação de uma profecia que se cumpre, despindo-me, abusando do meu corpo sensual e esbelto, soltando laivos de liberdade e contentamento... Não queria que fosse assim. Mas não vale a pena contrariar o destino. Estou preparado.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Tomates, Mickael Carreira e vinho

Cada vez mais adoro este gajo. Porque escreve bem, tem piada, votou Santana Lopes (lá está: bom humor), chama os bois pelos nomes (usar a palavrinha testículos? Não, foda-se! «Tomates» do Carlos Castro - assim, sem meias palavras), gosta de um bom par de mamas, exige uma estátua do Luciano das Ratas no meio de Lisboa, conhece os anjos Rafael e Botticelli... E agora, como se não bastasse (agarrem-se bem, pois o homem está imparável), atravessa um momento a que chama «fase Mickael Carreira» (tradução: deixou crescer o cabelo). Por este andar, qualquer dia publica um livro - e daí talvez até já tenha publicado, até porque o estilo «Acatar» tem 'quelque chose' (primeira expressão em francês neste post) de «O Meu Pipi». É isso! Como fui capaz de esconder esta magnífica revelação de mim próprio? Deve ter sido por não me ter lembrado mais cedo. Afinal, «O Meu Pipi» só foi editado há uns 6 anos e, em calhando, o tipo do «Acatar» escreveu mesmo aquela merda. E vejam lá se ele não sabe que em Cantanhede há vinho rasca? Quando se fala com conhecimento de causa, é logo outra coisa.

Diz-me com quem andas... (II)

«Os doentes psicóticos não costumam procurar ajuda por iniciativa própria e tornam-se mais perigosos por viverem numa realidade diferente (...). A psicose é entendida como uma profunda alteração da consciência do sujeito e criação de uma nova realidade. (...) Os sujeitos psicóticos são caracterizados pela perturbada tomada de consciência perante si mesmos e perante o mundo exterior».

Psicoce parece ser a palavra-chave que resolve todo (ou quase todo) o mistério. Atente-se ao conteúdo dos últimos telefonemas de Renato Seabra, dirigidos à mãe e à irmã: «a comida está com sabor estranho»; «durmo mal»; «sinto-me numa prisão, estou farto».
Aos 20 anos, há quem julgue ter estofo e arrojo psicólogico para levar por diante uma vida fingida, a troco de presentes, mordomias e luxo. E, aos 65 anos, há ainda quem acredite num amor arrebatador e correspondido (não que ele não possa realmente existir, mas apenas porque, no caso em questão, o interesse puro e simples confrontava-se com o amor cego e desmedido).
A corda acabou por quebrar nos dois lados. Enquanto um continuava "à procura do sonho", o outro aguardava juras de amor. Desejos por concretizar e promessas não cumpridas. O fim de um contrato, onde as duas partes ficaram a perder.
Tenha ou não havido provocação, o que pode justificar um acto tão bárbaro e cruel? Para Renato, tirar a vida saberia a pouco. Havia que «livrá-lo dos demónios sexuais». Espancamento, tortura e morte. O criminoso assumiu (ninguém confessa por confessar), tem traços demarcados de insanidade (além da natureza do crime, é impressionante a maneira como, após a morte e já no átrio do hotel, diz à amiga de CC que «ele já nunca mais vai sair deste hotel», sai porta fora e vagueia pela ruas de Nova Iorque) e deu o maior desgosto que alguma vez poderia ter dado a uma mãe.
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NOTA: reitero a incógnita que paira no final do post anterior (ver abaixo)... Esta história tem mesmo qualquer coisa que não bate certo. Talvez seja o facto de não termos a verdadeira consciência no quão inconsciente o ser humano se pode tornar.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Diz-me com quem andas...

Na festa do último aniversário, disse que seria o último que iria comemorar. A alguns amigos, confessou que gostaria de morrer em Nova Iorque (e que as suas cinzas deveriam ser espalhadas por Manhattan). Afirmou ainda que tinha um medo terrível de envelhecer - e, por causa disso, admitia suicidar-se. Foi, aliás, o que tentou fazer há tempos, quando subiu ao 22.º andar de um edifício e telefonou a algumas pessoas para partilhar a intenção de pôr termo à sua própria vida.
E eis que Carlos Castro (CC) surge morto, num quarto de hotel nova-iorquino, onde estava hospedado com um rapaz de 20 anos, com pretensões de fazer carreira como modelo (e, provavelmente, com muita sede de protagonismo). Independentemente do que se achava ou pensava de CC, intrigam-me as verdadeiras razões que podem levar alguém a matar alguém. Mais: parece demasiado irracional (e ultrapassa a minha compreensão humana) pensar que se pode matar da maneira como se matou - e, como se não bastasse, enveredar pela via da mutilação sexual.
E, daí, talvez não. Foi o próprio amigo de CC que agora, ao saber da morte, tornou público o aviso: «muito cuidado, Carlos... Ele é um miúdo». CC terá ripostado: «tudo bem. Ele tem maturidade». Não sei porquê. Mas há qualquer coisa em toda esta história que ficou por contar.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Razões porque 2010 não foi um ano nada fácil...

...atrasos e mais atrasos na entrega do meu novo iate; problemas sucessivos com o empreiteiro responsável pela renovação da minha quinta no Alentejo; incumprimentos por parte da empresa que se prontificou a pôr os 780 cavalos no meu Lotus; a escritura referente à aquisição da Ilha dos Tubarões, na Bahia, continua por marcar... Que 2011 seja melhor.

A Rana perezi

Já viste como chove? Há coisa de 25 anos - não sei precisar ao certo -, também chovia assim. Na altura, era comum procurar abrigo no celeiro da minha avó, onde o cheiro das cebolas se fundia com o odor dos fardos de feno. Com as primeiras chuvas, as 'águas novas' reponham os níveis das barragens e dos pequenos cursos de água que atravessavam a charneca. Nos charcos, a Rana perezi fazia-se ouvir, oficializando assim a caça à rã. Isto para te dizer que, também eu, fui um verdadeiro caçador de rãs. Exigia perícia e muita paciência. Mas valia a pena chegar ao fim da caçada e ver um saco repleto de rãs.
Era uma contemplação do outro mundo. Não tanto pela quantidade e beleza dos exemplares recolhidos, mas antes porque a probabilidade de pescar achigãs era, a partir daquele momento, maior. Mas não te vou falar da destreza que era prender uma Rana perezi a um anzol fino (n.º 12 ou 14), sem fazer ferimentos de maior (e mantendo-a sempre viva). Simplesmente porque, por vezes, este procedimento corria mal - e a imagem de uma rã esventrada não é, de todo, facilmente digerível. E não me consideres um ser insensível por apanhar rãs para servirem de isco (afinal de contas, havia sempre a possibilidade delas escaparem do anzol, reconquistando a liberdade roubada). Pensa, antes, que na Ásia fazem coisas bem piores com elas.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Antes e depois

Sou do tempo em que (ainda) se jogava às «escondidas», à «apanhada», ao «macaquinho do chinês» e aos «polícias e ladrões». Era uma época em que verbos como correr, cair e saltar se conjugavam na rua – e tantas vezes sob o clarão da lua, em perfeita harmonia com o som dos grilos ou o cheiro a terra molhada. Urgia saborear cada minuto. Mesmo nas manhãs frias de Inverno sabia bem ouvir o som crepitante do gelo, encrostado nas ervas, ao ser esmagado pelo calçado. A água vinha da fonte, o peixe era pescado no rio e o pão ganhava forma no velho forno de argila.

Fomos, talvez, a última geração a socorrer-se de um bom punhado de terra para estancar o sangue de uma ferida. Tivemos a felicidade de colar selos, enviar postais, conhecer a exuberância e o som estridente da Famel Zundapp XF, andar de Renault 5, saltar a cerca e desbastar pomares, tomar banho no tanque com água para regar a horta, apanhar azeitona, sentir os pés a esmagarem os cachos de uva dentro do lagar…

Num instante, tudo muda: hoje, joga-se Playstation; os trabalhos de casa fazem-se no Magalhães; os desenhos animados são vistos no You Tube; enviam-se mails e trocam-se mensagens escritas; e, no hipermercado, compram-se a banheira para a criança tomar banhinho, o vinho martelado para satisfazer os caprichos do pai ou do avô, o azeite refinado, os peixes de viveiro engordados com farinhas produzidas a partir de outros peixes…

Esta gente mais nova não sabe, sequer, enfrentar-se olhos nos olhos. Em vez de esboçarem um sorriso, enviam um :-). Estão deprimidos, vão ao Facebook e partilham um :-(. Ficam deveras apaixonados e identificam o seu amorzinho com um ♥ esboçado no ecrã do telemóvel. E só compram roupinhas ® sem saberem o que é comprar ganga da boa nos ciganos.


No meu tempo, isto não era nada assim.

Excesso de velocidade - Radares no Dakar

Estou farta de ler notícias e mais notícias e outras mais que vou encontrando e procurando nelas a resposta para o meu estado abismado desde que aprendi que o Rali Dakar tem zonas "controladas" - o que quer dizer com limite de velocidade e, pelos vistos, só agora se sabe porque só agora uma cambada de pilotos - incluindo o nosso Rúben Faria - foram penalizados por excesso de velocidadade, o que quer dizer que foram caçados na tecnologia mais recente!
Confessem... Radares no Dakar tem o seu quê de irónico...
Pelo que tudo indica, agora o júri, com a ajuda da tecnologia, neste caso, vulgo radares, pode destronar os pilotos em prova. Não passa multa, mas rouba segundos!
Esta cena deve ser orgásmica! Só pode!! Penalizar pilotos no Dakar por excesso de velocidade deve ser orgásmico!!!
Estou indignada porque, agora que fiquei a saber que a organização tem zonas limite de velocidade estabelecidas, não consigo saber qual a velocidade permitida nessas zonas limite e qual a velocidade em excesso do nosso Rúben Faria!
Alguém tem acesso ao manual da organização para me dar a resposta e satisfazer a curiosidade??
Please...

Zhu Di: direito de resposta

Meu bom amigo Zhu Di:

1. Não fiz qualquer julgamento precipitado. Apenas apontei factos - e que, pura e simplesmente, se resumem a isto: as calças estão salpicadas de branco.

2. Não faz sentido provar que o sacana do criminoso sabia que a esfregona estava empestada de lixívia (tal como não faria sentido, para uma pessoa normal, agarrar numa esfregona e passá-la pelas calças de alguém)...

3. ...mas, a avaliar pela tua argumentação, este procedimento é legítimo (desde que o imbecil do arguido tenha a certeza que as calças são de outra marca que não Giovanni Galli).

4. Para que saibas: não são diamantes. Mas são caras que se fartam (a qualidade paga-se Zhu Di, como bem sabes - tu, que admitiste adquirir ganga a 120 euros).

5. Quer-me também parecer que um vinho que custa 1,89 euros não tem muito mais do que água, sulfitos e corante. Por esse preço, nem compensa ao produtor acrescentar-lhe teor alcóolico.

6. Sobre o camarões provenientes de Casal de Cambra: estavam bestialmente bons. Pena que o vinho para os acompanhar não estivesse à altura. Depois envio-te a factura das novas calças da Giovanni, caro Zhu Di.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Lava mais branco

Qual é a probabilidade de um Homo neanderthalensis pegar numa esfregona, que está sossegada e prostrada na varanda (ainda com resquícios de lixívia...), e chafurdá-la numas calças de ganga adquiridas (a custo de muito suor e trabalho) na Giovanni Galli? Qual é a probabilidade de encontrarmos uma besta dessas que, quando vê um balde cor-de-rosa com uma esfregona espetada, se lembra de encostar o objecto (que serve para lavar o C-H-Ã-O) às calças de ganga do sujeito mais próximo? E qual é a probabilidade do sujeito afectado partir as fuças ao porquinho prevaricador, para ele abrir os olhinhos e não se armar em P-A-N-E-L-E-I-R-O? De probabilidades, pouco entendo. Mas tenho a certeza de que um tipo que gosta de passar a esfregona nas calças de ganga dos outros só merecia uma coisa: partilhar a cela com o Carlos Silvino.