quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A diferença entre o que fomos e o que somos...

...está apenas na distância do tempo. Acordei esta manhã com a frase a zumbir-me nos ouvidos. Apareceu, assim, mesmo sem ter sido solicitada. Talvez motivada pelo reencontro, durante uma noite de insónias em que deambulei pelos meandros das redes sociais, de pessoas com quem partilhei as brincadeiras de infância e os bancos da escola. Gente que cresceu, mesmo em paragens longíquas, da qual há muito não tinha qualquer notícia. É o encanto do mundo moderno: vasculhamos identidades conhecidas e convidamo-las a entrar em casa. Nunca o meio virtual foi tão real.

Olhamos para as fotografias dos perfis e espreitamos as frases inscritas nos murais. Estão lá restícios de personalidades que já conhecemos. Mas o mundo é composto por mudança - e as pessoas também. No meio de traços que ficaram, há outros que se acrescentaram. A sensação de descobrir o que há de novo em alguém (sabendo boa parte daquilo que já foi).

E foi assim, na espuma da madrugada, que reencontrei a Marina (emigrada no Luxemburgo), o César (que chegou a presidente de Junta de Freguesia), a Carla (de quem cedo desisti de lhe fixar os inúmeros namorados), do Luís (fechou o bar e é agora camionista, por essa Europa fora), o Rodrigo (diz que é feliz na Holanda - eu acredito e imagino, em parte, o porquê), do Moita e da Soraia (ex-companheiros de trabalho que, hoje, fazem das paisagens de Cabo Verde o cenário ideal para grandes reportagens - e ainda tiveram tempo para casar e ter um filho)...

Cada nome revela histórias de vida, tantas vezes sublinhadas por encontros e reencontros. E se dúvidas houvessem de que a vida teima em imitar a ficção, há uma questão que, durante vários anos, permanece sem resposta: o que é feito da Katiana? Será que, entre aquilo que foi e que hoje é, vai uma grande diferença? A vida tem sempre algo das histórias com um final em aberto...

1 comentário:

Makira disse...

Gosto de finais em aberto...