terça-feira, 12 de abril de 2011

Eu aderi, tu aderiste e até ele aderiu

Contra todas as previsões e expectativas, M. (chamemos-lhe assim) impôs a si próprio um objectivo de vida: aderir ao Facebook. «Decisão banal», dir-me-ão os mais sensibilizados para estas questões das novas tecnologias e redes sociais; «já sabia que ias falar dessa merda, ó caralho», barafustará M., naquele tom 'bovino' que tão bem o caracteriza (na verdade, M. conseque ser mais embezerrado do que eu - ainda assim, gosto do cromo).
Primeira conclusão: no domínio do mundo virtual, M. consegue atrair todas as más vibrações possíveis e imaginárias, fazendo com que mesmo as aplicações mais óbvias deixem, simplesmente, de funcionar. Só assim se consegue explicar que, no espaço de poucas horas - após a criação do seu perfil - M. tenha ficado encurralado. M. fez dois ou três amigos e, num abrir e fechar de olhos, o sistema não o deixou remeter pedidos de amizade. Será o Facebook uma ferramenta assim tão avançada que, na verdade, sabe que é improvável que M. tenha amigos num número que vá para além dos dois dígitos? Fica a dúvida.

Em todo o caso, o mundo deve registar tamanha façanha. Numa altura em que atravessamos um momento apocalíptico (já não adianta mudar a fechadura, pois o FMI já nos entrou pela casa adentro), Portugal pode orgulhar-se, agora, de ter todos os seus cidadãos ligados ao Facebook. M. acabou por concretizar, em poucos minutos, aquilo que ponderou durante longos meses. Um pequeno 'clic' para M., um grande passo para a irradicação da iliteracia digital no país.

Todavia, aconselha-se alguma prudência. Os próximos dias vão ser decisivos para M., que ficou impossibilitado de fazer amigos durante, pelo menos, 48 horas. O facto de não ter tido uma entrada triunfante nos meandros do Facebook e de levar com um tipo a 'reinar' sobre o assunto (como, de resto, este post comprova) poderão significar um retrocesso na decisão histórica de M. (que, no seu blog pessoal, também já sente na pele a ânsia de algumas pessoas de serem suas 'amigas').

Mas aconteça o que acontecer, M. mostrou o seu lado meiguinho. Só por ter aderido ao Facebook. Colapsou o sistema, é certo, mas colocou de lado o seu orgulho e juntou-se à manada. Por este e outros motivos, só tenho razões para gostar de M. Adoro-te.