Partes de uma vida suspensas por breves segundos. Bastou um olhar (despropositado) para parar o mundo e (re)ver cada peça do puzzle (mesmo depois de ele, há muito, estar desmontado e arrumado). Se este momento fosse planeado, jamais seria tão perfeito - tal como o conjunto do puzzle, de resto. Julgamos que a imagem que figura no puzzle já passou à história, está desactualizada, é insignificante. Pensamos que a pauta, mesmo sem a tal nota musical, pode ser tocada. Porque, sendo ouvida (e não vista), a música acaba por ser apreciada, sem repararmos na ausência da nota. É mentira. Não é possível iludir os ouvidos quando apenas se fecham os olhos.
O absurdo da situação ganha ainda mais importância (reparaste como não hesitei em recorrer ao termo 'importância'?) quando me fazes (re)ver o puzzle por uma segunda vez. Aqui e ali, tu e eu, separados por breves passos. Se não me tivesses lembrado do primeiro momento, isto quase que me soava a 'deja vu'. Mas não. Só (também) neste segundo (tal como no primeiro) instante, estivemos tão perto e tão longe. Mais estúpido é saber que nada disto faz sentido...
...porque isto é conversa que não nos leva (nunca nos levou) a lado nenhum. Como podemos nós voar se insistes, durante toda a viagem, em pensar no trem de aterragem? O problema foi que, mesmo antes da casa de destino, nunca paraste de pensar na casa de partida. O jogo estava viciado desde o início. E como eu gostava de o jogar. Não por o jogo - no verdadeiro sentido do termo - ser a minha predilecção. Mas antes porque eu, um peão à deriva, te olhei como uma rainha. Como seria se estivéssemos hoje, lado a lado, no mesmo tabuleiro?...
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