terça-feira, 8 de setembro de 2009

Saudades

Não lido bem com saudades. Fico de mau humor. Detesto contagens decrescentes. Prefiro pensar na globalidade e depois surpreender-me com a proximidade do fim das saudades.
Mas além disso, acho que há saudades e há saudades. Há outras saudades que nos fazem sentir bem, como dois braços a agarrarem-nos e a paralisarem-nos naqueles instantes segundos de viagem ao passado. "E lembraste quando..." até dá para sentir cheiros, ver o filme e trazer novamente as emoções. No fundo, o que remonta ao passado, se tiver sido um passado bem processado, poderá trazer este tipo de saudades que se taduzem por um sorriso no presente ou uma gargalhada pelo que foi e soube bem.
Não gosto de remexer no passado. Aconteceu. Já não faz parte do presente. Mas confesso que, às vezes, o remexer pode ser um momento bem passado no presente. Sem significado para o presente - é como ver um filme. Passa-se um bom momento a recordar.
Hoje mais do que nunca precisava de "fugir" do presente. Na nossa conversa utilizaste bastantes vezes este termo. "Fugir", "fugir" e, afinal, no presente, ajudaste-me a "fugir". E no presente eu precisava de "fugir".
E a armadura não serve apenas para o combate, a menos que eu esteja numa batalha todos os dias... se calhar é isso. Mas já estou a conseguir levantar o peso da armadura.
Obrigada pela disponibilidade e por simplesmente "estares".

PS - vou tentar ser mais oásis e menos enxurrada.

2 comentários:

Gustas disse...

Mantém a armadura, que os combates da vida são muitos e constantes. Mas há que saber quando a despir para repousar e ganhar forças. Para novamente vestir a roupa de ferro e marrar...

Viva o passado, por mais doloroso que seja. É sempre o alicerce do futuro que construímos.

Fica bem e eu fico por aqui.

Gustas disse...

O Sonho, de Sebastião da Gama

Pelo Sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos,
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e do que é do dia-a-dia.

Chegamos? Não chegamos?
- Partimos. Vamos. Somos.