segunda-feira, 21 de julho de 2008

Objectivos: sim ou não?

Não tenho objectivos. Nem um? Nenhum! Parece impossível, mas é verdade.
E quando digo que não tenho objectivos e as pessoas ficam com aquele ar de «dizes isso, mas alguns objectivos deves ter, certamente», acrescento de imediato que já fui ao psiquiatra, sendo o meu motivo de consulta: o não ter objectivos (o que comparativamente a outros humanos não será uma postura muito normal - penso eu - e por isso foi factor decisivo para ir à consulta).
Na adolescência há muitos objectivos. Lembro que a dada altura, as conversas giravam em torno da casa, do casamento, do vestido de casamento, dos filhos, da carreira, blá blá blá.
Atenção, não acho que sejam temas fúteis - talvez um pouquinho apenas - mas nunca fizeram parte dos meus objectivos e continuam a não fazer.
Vivo um dia de cada vez. Nem consigo programar o amanhã - talvez apenas saber se vou ter reuniões ou não e pouco mais. A nível pessoal é a desprogramação total. Se apetece, apetece, senão não.
Os exemplos mais claros que posso dar são os seguintes:
1) Nunca soube bem o que queria ser quando fosse grande - e ainda não sei. Quis ser bióloga marinha, quis ser veterinária, quis ser advogada e no último instante da candidatura ao ensino superior... bora lá ser jornalista! Curioso: os meus testes de aptidão deram quase 100% para electrotecnia! E sem dúvida que gosto da área.
Conclusão: ainda hoje sinto que se estivesse noutra área iria estar bem. Por isso, quando me perguntam o que é que eu quero ser quando for grande, respondo que a pergunta certa é se eu gosto do que faço e aí a resposta é sim! Mas sinto que se estivesse noutra área, também iria gostar.
2) O segundo exemplo pode não ser muito credível para algumas pessoas mais cépticas, mas fica registado na mesma. Muitos já tiveram a curiosidade de ir alguém que lesse as cartas, não tanto para ouvir, mas principalmente para ter as respostas às milhares de perguntas que as pessoas aproveitam para fazer.
Conheço muitas pessoas que lêem cartas e sempre tive oportunidade de fazer as milhares perguntas que quis totalmente à vontade. Inclusive tive essas pessoas a dizerem-me "então, que queres saber?". E pronto! Era e sempre foi o atrofio e a atadura geral! Que perguntar? O que é que quero saber? Se o vizinho vai ou não conseguir o emprego, não me interessa, ou seja, a vida dos outros é dos outros. A minha... até à data já sei o que eventualmente poderia querer saber e surpresas, imprevistos estão sempre acontecer e é melhor nem saber previamente. E sem objectivos é difícil saber o que perguntar.
Se tenho sorte porque não crio expectativas e depois não caio de um 12.º andar - como diz o psiquiatra, por outro lado há dias em que não olhar para o futuro não torna fácil a vida no presente.
E vocês têm objectivos? Quais, por exemplo? Só para eu perceber se pela vossa lista imensa de objectivos existem lá alguns que eu possa lembrar de ter também...

2 comentários:

pixie disse...

Apesar de ter gostado muito de ler o teu texto, acho que o teu “problema” com os objectivos não está bem explicado. O que tu não tens é objectivos “terrenos”.
Eu sei que tens um objectivo, bem guardado e emerso no pouco tempo que tens… É perfeitamente normal que, tendo esse grande objectivo, vejas todos os outros como menores, porque são.

Beijos.

Makira disse...

Não sei se é bem assim ou pelo menos tão linear como dizes. Esse objectivo que tu falas eu encaro como um trabalho ou uma formação, entendes? É como se tivesse num curso em que estou a aprender. Podes então dizer que o meu objectivo é concluir esse curso. Mas não. Já percebi que há coisas para as quais não há uma conclusão. Vão acontecendo simplesmente. Beijos muitos