quinta-feira, 2 de outubro de 2008

O labirinto

Por norma as minhas decisões são tomadas em dois segundos.

Não gosto de pensar muito nelas porque só se complica, confunde e baralha o cenário. Além disso, já aprendi que o tempo que demoramos a decidir influencia em muito o resultado da nossa decisão e outras vezes já nem há nada para decidir porque deixamos passar o timming e ficámos agarrados. E depois, quantas vezes é que temos a garantia de estar a tomar a decisão correcta? É uma incógnita, até porque o que é certo para nós pode não ser para os outros, certo? Certo!

Gosto de agir de impulso, de instinto e só dou dois segundos para o pensamento que normalmente se pode traduzir como algo do género... Estás consciente do que vais fazer? Sim! Então faz!... isto porque o mais importante para mim nas decisões é sentir que tenho os pés bem assentes na terra.

Se tive o primeiro semestre deste ano em que tudo se desenrolou de uma forma tão estonteante, sem tempo para decidir - nem os dois segundos - porque o Universo decidia por mim e só me era dada a possibilidade de reagir, este segundo semestre está a exigir de mim o oposto. Está a obrigar-me a parar para pensar.


Confesso que ando a fugir desta situação porque o parar para pensar não se coaduna com o meu ser, mas a cada dia que passa surge mais um novo elemento na minha vida e outro e outro, a todos os níveis.
E eu a fugir... a verdade é que não posso fugir mais porque já me começo a sentir encurralada pelos caminhos da minha própria fuga - sem dúvida que se transformaram num labirinto e não sei onde deixei a saída.
Pode ser que alguém lá do alto, onde todas as outras pessoas que fazem parte de mim se encontram, me dêem uma orientação.
Isto se esta prova não for para ser ultrapassada sozinha. Se for, estejam todos juntos à saída para me receberem porque vou precisar de mimos. Mas garanto que vou ter convosco! Vou encontrar a saída!

2 comentários:

Anónimo disse...

Os miúdos gostam de brincar em labirintos, mesmo sem a noção clara da sua dimensão. É vê-los a experimentar vários caminhos (sem grande reflexão se aquele será o correcto), com a ânsia e entusiasmo de encontrarem a saída. E quando a encontram ficam felizes, cumpriram a missão!
A diferença para os adultos é que terão, em princípio, a mínima noção do seu tamanho. Além disso, «para não deixar passar o timming», poderão não ter oportunidade de experimentar os vários percursos, e por isso têm de arriscar mais, fazendo a priori, uma triagem baseada não só na experiência adquirida de labirintos anteriores, mas também na intuição. O difícil é conciliar estes dois factores em equilíbrio, mas não impossível; se "trabalharmos" como se tudo dependesse de nós, e confiássemos como se tudo dependesse de Alguém do Alto. Lento no pensar (em tempo útil...), mas rápido a decidir.
Se são as melhores?... é muito subjectivo... Poderão estar certas para uns, menos certas para outros. Mas isso não é o importante. Para tomá-las, e aproximá-las mais (matematicamente falando) do número perfeito, não importa os "gregos e troianos", mas sim podermos dizer «fiz e faço tudo o que está ao meu alcance», e tendo consciência disso a saída surgirá.
E um dia quando olharmos para trás, perceberemos que os dias mais belos foram aqueles em que "lutámos".
Valeu, vale e valerá sempre a pena entregarmo-nos por aquilo\aqueles em que\quem acreditamos.

pixie disse...

Uma grande verdade... Se nos for possível voltar atrás, uma não decisão é, quase sempre, pior do que uma má decisão. Se a decisão for irreversível (e na vida não há assim tantas decisões irreversíveis), então devemos ponderar, dar-nos o tempo, pesar os prós e contras, para nós e para os outros. Mesmo assim, a nossa preocupação por agir rapidamente deve ser tão grande como pela correcção do caminho a escolher, o que normalmente não acontece. Ficamos bloqueados na pesagem... Quanto mais rápido decidirmos, e mesmo que mal, mais rapidamente vamos dar com a cabeça nas paredes e mais tempo vamos ter para tomar outras decisões. Decidimos tendo em conta a nossa vida no imediato, a curto prazo, a médio prazo, na melhor das hipóteses. A longo prazo a vida é uma incógnita e ainda bem. Esquecemo-nos também que uma decisão abre um leque de possibilidadades que nem sempre se deixam afigurar e que uma má decisão que nos traz dissabores numa dada fase da nossa vida pode muito bem vir a ser a melhor decisão que alguma vez tomámos.