quarta-feira, 11 de março de 2009

A alguém

Há palavras que, ditas em 5 segundos, ferem mais do que as agruras de uma vida inteira. Cada letra é como que uma lâmina afiada, capaz de nos suster a respiração e parar o coração. É impossível ficar insensível, pois a palavra é metade de quem a pronuncia e metade de quem a ouve. Os vocábulos, mais do que meros sinais gráficos, carregam em si suor, lágrimas e sangue.
Há silêncios que valem bem mais do que mil palavras. E, por vezes, uma só palavra consegue dizer muito mais do que mil. Até a matemática precisa de letras. Sem elas, os números não se entendem entre si.

Há coisas que, quando ditas, são como as cebolas: despem-nos camada a camada e, às vezes, até nos fazem chorar. Há outras que, para serem entendidas, requerem maturidade; só os anos podem ensinar aquilo que os dias desconhecem. Sei que não sou perfeito. Mas, de resto, ninguém o é. Todos precisamos de ser constantemente retocados. Um homem faz-se em 60 ou 70 anos - e não em 9 meses.

Não quero lamentar-me cada vez que olhar para o passado. Isso é ser estéril. A fertilidade está em saber aprender com os erros; a fazer da experiência fracassada um degrau que se sobe na escada da vida. Foste tu que me ensinaste. Isso e outras verdades - como a de não confiar apenas na pata do coelho (pois ela não deu sorte nem sequer ao próprio coelho). Fizeste-me parar e acreditar que não há razão para ter medo das sombras: elas apenas indicam que, num lugar muito próximo, há uma luz a brilhar...

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