quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Cruxifiquemos os nosso nacos como se fossem um só

Cada vez que se abeira a mim, toca-me nos sentidos. Reparo em cada contorno do seu corpo. Se este tipo de contemplação está implícita na própria natureza dos homens, então, em mim, parece estar muito mais. Há algo em M. que vai muito para além daquilo que vemos. Talvez a idade e a experiência lhe tenham toldado o sentido da vida e a percepção do mundo em que vivemos. Só assim se pode explicar o seu jeito afável com que nos suporta - sobretudo nos momentos em que estamos com o cio. Contemplar M. é ver as estrelas (mesmo nas noites em que as nuvens encobrem o céu).

Admirar a beleza de M. e contabilizar sorrateiramente cada curva do seu corpo esguio e apetecível é apanhar um banho de sol (mesmo nos dias agitados pelo vento, em que troveja, chove e faz frio). Há toda uma estética e maneira de ser que nos faz acreditar que há ainda muito para aprender. Não importa a idade - mas antes aquilo que fazemos com ela. M. merece uma observação científica; um olhar clínico. A mim, sei bem qual o diagnóstico que me faria (e o tratamento que me deveria aplicar. Mas isso são princípios activos que não cabem aqui neste prontuário terapêutico).

M. remete-nos para um mundo de fantasias e sensualidade. Não falo de algo de cariz meramente sexual. Para isso, bastar-me-ia a carne que tenho no talho lá de casa - que sabe bem, diga-se de passagem, e está tenra como nunca; agora que falo nisso, acho que a qualidade dos nacos que tenho comido recentemente supera quaisquer outros de produção biológica ou com Denominação de Origem Protegida.

Mas não nos desviemos do essencial: M. faz-nos bem à vista. Eu, por mim, aprenderia e treinaria toda a essência da linguagem braille com ela. Ou provava um pouco da sua carne. Uma espetada mista era o ideal. Assim, o talho ficaria mais composto e diversificado.

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