segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Imaginário




Há elementos (para não dizer pessoas, coisas, lugares e afins) tão próximos do nosso imaginário que se fossem mais próximos estragavam-nos o imaginário. Com o "próximos" quero dizer com uma correspondência quase precisa à que se encontra no interior do nosso imaginário e não tanto perto deste (até porque é difícil definir proximidade física do nosso imaginário - gosto de acreditar que ele está em toda a parte e não limitado a uma proximidade de alguém/algo e afins).
O imaginário revela em muito a riqueza de cada um e o desafio está no encontro, ou direi melhor, reencontro do que está no imaginário e do que está na realidade física. E quando esse reencontro acontece dá-se uma sensação de exaltação, quase a rasgar o histerismo porque o que fazia parte do nosso imaginário afinal existe! É que existe mesmo!!
Mas é aqui que se perde um pouco a inocência de cada um... se existe - e vimos com estes olhinhos que a terra há-de comer que existe - então já não faz parte do nosso imaginário; se não faz, perdeu todo o encantamento próprio de um conto em estava inserido no nosso imaginário e passou a pertencer a um contexto aquando elemento real, afastado da fantasia que o envolvia e, muitas vezes, absolutamente descontextualizado, na realidade, do que era no imaginário... e com isso, da exaltação, fica um sorriso que rapidamente passa a um rasgar forçado dos lábios e, depois, a uma tristeza, desilusão e vazio - não era como imaginávamos e o que fazia parte do nosso imaginário morreu poque passou a existir no real e longe, muito longe do que imaginávamos...
Talvez seja, então, esta a razão pela qual as crianças acham os adultos seres grandes e cinzentões, sem contos para os alimentar e com um imaginário cada vez mais velhinho, que morre a cada dia que passa.
E talvez seja, também, esta a razão que, quando um adulto encontra um elemento real próximo do seu imaginário, julga que é impossível estar a acontecer e... na negação da sua existência real - fora do imaginário - prefere voltar costas e seguir em frente, escudando-se em desculpas que não entram nos contos do imaginário, a correr o risco de se poder desiludir e, depois, de se apaixonar mais ainda do que pelo imaginário.