quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A Rana perezi

Já viste como chove? Há coisa de 25 anos - não sei precisar ao certo -, também chovia assim. Na altura, era comum procurar abrigo no celeiro da minha avó, onde o cheiro das cebolas se fundia com o odor dos fardos de feno. Com as primeiras chuvas, as 'águas novas' reponham os níveis das barragens e dos pequenos cursos de água que atravessavam a charneca. Nos charcos, a Rana perezi fazia-se ouvir, oficializando assim a caça à rã. Isto para te dizer que, também eu, fui um verdadeiro caçador de rãs. Exigia perícia e muita paciência. Mas valia a pena chegar ao fim da caçada e ver um saco repleto de rãs.
Era uma contemplação do outro mundo. Não tanto pela quantidade e beleza dos exemplares recolhidos, mas antes porque a probabilidade de pescar achigãs era, a partir daquele momento, maior. Mas não te vou falar da destreza que era prender uma Rana perezi a um anzol fino (n.º 12 ou 14), sem fazer ferimentos de maior (e mantendo-a sempre viva). Simplesmente porque, por vezes, este procedimento corria mal - e a imagem de uma rã esventrada não é, de todo, facilmente digerível. E não me consideres um ser insensível por apanhar rãs para servirem de isco (afinal de contas, havia sempre a possibilidade delas escaparem do anzol, reconquistando a liberdade roubada). Pensa, antes, que na Ásia fazem coisas bem piores com elas.

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