quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Um dia, isto tem de acabar

Olho para todos os lados - e o que vejo? Amazonas encantadas que envergam peças de roupa justas e curtas, deixando a descoberto parte considerável da epiderme. Parece uma epidemia combinada. Quase todas elas entram assim escritório adentro, mexem, remexem, soltam suspiros, soletram constantemente pelo meu nome, puxam as saias e os vestidos para baixo, trocam olhares, deixam os ombros à mostra, desapertam os botões das blusas... Eu, que até sou contido, sou obrigado a levar com isto durante 8 horas por dia, 5 dias por semana. Eu, que até gosto de mulheres, resisto com todas as minhas forças. Mas há-de chegar o dia em que não conseguirei controlar os meus impulsos mais selvagens - e, aí sim, elas que façam de mim o que bem entenderem. Estou a imaginá-las todas juntas, sorridentes, com a sensação de uma profecia que se cumpre, despindo-me, abusando do meu corpo sensual e esbelto, soltando laivos de liberdade e contentamento... Não queria que fosse assim. Mas não vale a pena contrariar o destino. Estou preparado.