O escritor acedeu escrever um texto ficcionado, a propósito do amor. No breve conto, o narrador (de meia-idade) mantém uma relação com um jovem. Ao ler estes excertos...
O que importava era eu sentir que cada frase que trocávamos era mais um fio que nos unia numa perfeita teia de aranha. De que gostas, o que sentes, em que pensas, diz-me agora. Eu era a aranha. (…) Levei-o para minha casa, para o meu quarto, para a minha cama branca. Era um miúdo desajeitado. Tive pena dele. (…) Por momentos senti-o triste e feliz ao mesmo tempo, por estar ali comigo. Não é fácil provocar num homem sentimentos contraditórios. Gosto de os sentir desorientados. Sem já saberem o que podem fazer, ou dizer. Quando ficam mudos e encadeados e perderam a memória. (…) Tive de aprender que o desejo de amor não pode ser saciado. O que o futuro traz só a mim pertence. Não chegarei a saber a cor dos seus olhos.
...ocorreu-me isto. Eis Pedro Paixão, igual a si próprio: escrita assumida, mas descomprometida; bastante claro, mas em tudo vago; a querer provocar, mas apenas a fazer cócegas. Em suma: é urgente que Paixão encontre um novo 'dealer'.
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